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No relato da criação, exposto em Gênesis, diz que Deus criou o homem a sua imagem segundo a Sua semelhança. O homem é criado semelhante a Deus, o que faz dele a própria imagem de Deus. O homem, portanto, é teomorfo - a imagem de Deus.
Embora esse seja o relato bíblico exposto no livro de Gênesis, com o tempo criamos imagens para Deus e projetamo-las ao Ser que mora no vazio, no espaço, nos céus, lá em cima, distante, que tem voz de trovão, cabelos e barbas brancas, sentado no trono como um rei, ditador de regras, leis e mora sozinho com a trindade, que é ele mesmo, ou seja, mora só.
Projetamos a imagem de Deus lá em cima, sem semelhanças com este mundo, é o que chamamos de transcendência de Deus, que é a não identificação de Deus com sua criação, Deus é o totalmente outro.
O Deus totalmente outro é a imagem para Deus que o homem criou. Ou seja, é o Deus fora do homem, além dele e longe de ser como ele. Esse Deus é o portador das virtudes em sua plenitude. Ele é todo-bondoso, todo-amoroso, todo-justo, todo-poderoso e etc. Esse Deus nega as “fraquezas” humanas.
Embora essa seja a forma tradicional de falar sobre Deus, existe uma outra, que é a exposta nos evangelhos. O outro Deus é Jesus, o qual foi definido como Deus Conosco, aquele que abriu mão de sua soberania e aceitou vir a este “país longínquo” (Barth) para habitar entre nós e estabelecer seu Reino; O Deus que deixou de ditar as regras lá de cima, mas que veio até nós, estendeu suas mãos para curar, tocou em gente impura, trabalhou, andou de pés descalços no chão empoeirado, curou e libertou o homem da imagem para Deus criada pelos homens, ele nos mostrou Deus-através-do-homem e não Deus-além-do-homem, mas Deus-no-homem; Jesus transformou em antropomorfo (a imagem do Homem) o teomorfo (à imagem de Deus). Ou seja, em Jesus, Deus é a imagem do homem, assim como o homem é a imagem de Deus.
O Homem-Jesus é Deus. Deus em Jesus não é o totalmente outro, mas é o próprio homem imagem e semelhança que é Deus. Deus que habita na terra, que faz parte da história, é real, porque é homem. Nasce, cresce, morre, ressuscita e vive. Nada além do humano nada menos do divino. Puramente homem, imagem e semelhança.
Deus é homem, mas o homem não é Deus. Deus veio do alto, porém, encontrou habitação dentro de nós; Deus é o totalmente Outro, desconhecido, mas que pode ser conhecido por meio do homem e ser tratado como amigo; Deus é inacessível, porém está tão perto que pode ser encontrando em todos os lugares e coisas, porque tudo é transparente. Não podemos conhecer sua mente, mas conhecemos, muito mais que isso, sentimos, o seu Amor.
Deus? É amor! Homem? É a imagem que revela Deus, semelhante a Jesus. Como? Pelo amor.
Marcadores:
Antropologia Teológica
Postado por
André Amaral
20 de mar. de 2008
1 comentários:
- É nozes disse...
-
Caro André,
Sou André Ricardo, de Florianópolis/ Santa Catarina, formado em Relações Internacionais e graduando em Teologia, e achei muito interessante a sua analise, trazendo mais uma vez Deus e a imagem humana, Jesus, o Filho para o sentido antropologico, realmente sendo a antropologia aquele afastamento do Divino e a influência huamana, homem centro, vemos mais uma vez Jesus, Deus-homem/ homem Deus, mostrando que a centralidade está na forma de criação de um Deus supremo e que em todos os ambientes ele sempre será Teocentro!